segunda-feira, 20 de junho de 2011

Crítica - 333

Título: 333
Autor: Pedro Sena-Lino
Editora: Porto Editora
Nº de Páginas: 181
Preço Editor: 16,05€

Sinopse: «Esta é a história de um livro e de todos os seus 333 exemplares impressos. É a história secreta do impacto de um livro na vida de cada um dos seus leitores, e de como um rectângulo de papel pode transformar uma vida.»


Não estava à espera de encontrar em '333' quase nada daquilo que encontrei. Para ser sincero, também não sei definir quais eram as minhas espectativas à partida. Como já aconteceu com tantos outros, este livro ficou na estante aproximadamente um ano antes de me ter chamado para a sua leitura. Assim que senti que chegou, por fim, esse momento, peguei nele, pensando que se trataria de uma leitura rápida.

É certo que as circunstâncias que me rodearam entre meados de Maio e meados de Junho não foram as mais folgadas em termos de tempo e disposição, mas mesmo que assim tivesse acontecido a leitura de '333' tinha, definitivamente, demorado mais tempo do que esperaria. Porque há qualquer coisa nesta história que a torna estranhamente complexa.

Passa pela linguagem e pelo estilo do autor. Pedro Sena-Lino, que dirige cursos de escrita criativa, mostra com a sua expressão um universo lexical rico, e um entrelaçar escritas divergentes num aglomerado de 180 páginas. É difícil de explicar. A escrita não é convencional, ao mesmo tempo que não é nem fácil nem difícil - custa a habituar, e, chegado ao fim, não me convenceu ainda totalmente. O estilo é arritmado, ora muito lento ora trovejante. Numa melodia clássica que me pareceu excessiva...

Depois a ideia! A ideia e o enredo desta história são, logo à partida, um grande desafio. O autor consegue caminhar devidamente nos caminhos da acção que à sua volta desenhou. Com genica e destreza, avança para trás e para a frente, envereda por caminhos históricos interessantes, e escapa-se pelas frestas do que nos é oculto. Mas, com tanto movimento e detalhe, nem sempre o consegui acompanhar, facto que lamento.

Há nas páginas deste livro qualquer coisa que não consigo expressar, volto a repeti-lo. É um choro melodioso, um lamentar na noite escura da história, e um percorrer triste de uma realidade com a qual temos dificuldade em lidar: os livros não são eternos. Pelo descuido de uns e desinteresse de outros, todos os dias obras são condenadas aos abandono, hoje mesmo, neste instante... esquecidas e ultrapassadas. Neste ritmo frenético de reposição da novidade em que parecemos viver, '333', na sua teia intrincada e visionária, pode ser um bom livro para tomarmos consciência disso. De agradável leitura e com a sua profundidade, é uma leitura interessante que nos deixa perante um sentimento esfumado... e verdadeiramente inclassificável. Não sei o que sinto.


Personagens Preferidas: Quem leu percebe que é muito difícil encontrar um preferido, embora tantos tenham histórias fantásticas.

Nota (0/10): 7 - Bom

Tiago

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