terça-feira, 8 de novembro de 2011

Crítica - O Senhor Juarroz

Título: O Senhor Juarroz
Autor: Gonçalo M. Tavares
Editora: Editorial CAMINHO
Nº de Páginas: 65
Preço Editor: 10,60€


Seguindo a linha que forma este «Bairro», do escritor português Gonçalo M. Tavares, esta história apresenta-nos uma nova personagem: o senhor Juarroz. Como os outros três que já tive oportunidade de ler, o livro organiza-se em pequenas situações - às quais seria sem dúvida um exagero dar o nome de contos. Por vezes com uma página, por vezes com apenas três ou quatro linhas, O Senhor Juarroz lê-se em aproximadamente meia-hora, o que acaba por ser o único ponto negativo. Livros que se apagam num instante são uma crueldade para com qualquer leitor! E acho que Gonçalo M. Tavares é um bocadinho assim ao longo de toda a sua obra...

O Senhor Juarroz vive com a esposa num dos prédios deste bairro. Com um comportamento que o aproxima de um demente mental, vai vivendo o seu dia-a-dia com uma abstracção muito grande. Concentrado nos seus pensamentos, esquece por completo a realidade, e troca toda a informação que vai inventando com aquele que efectivamente é real.

O livro é tão breve, e tão intimamente ligado com o resto da colecção deste bairro, que vejo-me impossibilitado de falar mais do que isto em relação à obra em si. Parece ser daqueles livros que não deixam nada acerca do que opinar. Divertido, sim; mas não tanto como o seu antecessor, O Senhor Brecht. Todas as curtas lógicas que nos vão sendo apresentadas são sugadas pelo leitor de forma voraz. Por vezes é preciso reler a pequena história para conseguirmos entender o que era suposto ser dito ali. E alguns pedaços de texto são verdadeiras delícias literárias. Deixo dois exemplos, porque, sem qualquer dúvida, conseguirão mostrar mais por si próprios do que as minhas palavras desta opinião.

Viagem Longa - Como gostava de ler e ia para uma viagem longa o senhor Juarroz decidiu pôr na mala seis exemplares do mesmo livro.

Teoria sobre os saltos - A 2ª parte do salto para cima é a descer, mas a 2ª parte do salto para baixo não é subir - pensava o senhor Juarroz. Se do chão saltares para cima ao chão voltarás, mas se de um 30º andar saltares para baixo é provável que não voltes a subir ao 30º andar. De qualquer maneira, o senhor Juarroz, por preguiça, usava sempre o elevador.

Se calhar o que um leitor deveria fazer era considerar os livros todos d' O Bairro editados até agora como um só, e depois lê-los de forma ininterrupta. Porque dá tanta vontade de continuar a ler, e afinal de contas é tão breve, que a sensação que fica é a de querermos mais. O Senhor Juarroz é, assim, como os seus antecessores, uma obra de divertido teor filosófico, que nos põe o cérebro a trabalhar minimamente, e nos faz rir com os seus pormenores. Nota positiva também para as ilustrações de Rachel Caiano. Mas também uma sensação de que o livro, no seu todo, não atingiu o nível de qualidade de outros da mesma série.

Nota (0/10): 6 - Agradável

Tiago

1 comentário:

Unknown disse...

Bom-dia, Tiago, Patricia e Sara!
Parabéns pelo blog e pela resenha!

Sou apaixonada por escrever! Assim, peço licença para informá-los que no último dia 16/08, lancei no Brasil [moro na Holanda], minha primeira obra literária, o romance “Mevrouw Jane”.
Eu não poderia estar mais feliz com a opinião de meus leitores e da crítica:

“Romance de estreia, mas dá a ilusão de ser obra de autora experiente, pelas qualidades que apresenta. Trata-se de um romance intimista - centralizado basicamente em problemas familiares -, que certamente agradará ao leitor desde as primeiras linhas. E ficará encantado com o final surpreendente. É ler para ver.
(José Augusto Carvalho - Mestre em Linguística pela Unicamp, e Doutor em Letras pela USP)

Eu me auto publiquei. “Mevrouw Jane” está disponível também como e-book. ISBNs: 978-85-63654-38-0 e 978-85-366-2207-1

Assim sendo, convido-os para visitar o meu cantinho virtual, explorá-lo e ler o prefácio de “Mevrouw Jane”. Espero não desapontá-los. Se deixarem um comentário, ficarei muito satisfeita!

Este é o URL: http://josanemary.wordpress.com/mevrouw-jane/

Escrever é muito mais do que uma terapia, é uma extensão de mim!

Obrigada, e grande abraço daqui da Holanda!

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