quarta-feira, 30 de março de 2011

O Zahir - Crítica

Nome: O Zahir

Autor: Paulo Coelho

Editora: Círculo de Leitores

Páginas: 314

Sinopse: O Zahir conta a história de um escritor de sucesso com uma vida confortável e um casamento estável; um homem satisfeito.

Até que, sem qualquer motivo ou explicação, Esther, a sua mulher, desaparece. Este acontecimento inexplicável leva-o a repensar toda a sua vida e tudo aquilo a que dava valor. Pouco a pouco, a sua necessidade de compreender o sucedido transforma-se numa obsessão que o leva a partir numa viagem para se reencontrar com Esther... e consigo próprio.

O seu estilo fluente e cativante faz de O Zahir uma das obras mais reveladoras de Paulo Coelho, uma reflexão autêntica e ponderada acerca do amor, da liberdade e do destino.


Este livro tem uma história engraçada. Era Janeiro de 2010 e não fazia a mínima ideia do que devia dar ao meu namorado, que estava quase a fazer anos. Ele não é muito fã de livros, mas tinha lido O Manual do Guerreiro da Luz e tinha adorado. E eu, que queria que ele também lesse alguma coisa, decidi dar-lhe outro livro de Paulo Coelho. No entanto, não sabia qual devia dar, até que uma conhecida me disse que O Zahir era bom e significava "alguém que está sempre no nosso pensamento". Ele leu o livro em onze meses, mas disse que tinha gostado. E eu, apanhada de surpresa, encontrei o mesmo livro em casa à minha espera. Pelos vistos, a minha mãe tinha-o comprado há uns anos atrás.


O livro começa com um poema acerca da viagem de Ulisses a Ítaca e, à medida que vamos avançando na história, vamos encontrando várias semelhanças. O Zahir não é só algo que está sempre no nosso pensamento; é também uma obsessão. E é nessa obsessão que o autor se descobre a si mesmo e começa a sua viagem.


O nome da personagem principal nunca é revelado, mas vários factores apontam para que seja o próprio Paulo Coelho, especialmente por estar contado na primeira pessoa e por tratar vários assuntos que são falados noutros livros seus.


Ouvi muitas pessoas a dizerem mal deste autor; dizem que ele escreve sempre sobre a mesma coisa. Eu não o posso confirmar ou desmentir, mas posso afirmar que gostei do que ele escreveu. É uma obra bastante espiritual e identifiquei-me com imensas passagens do livro.


O final é bastante emocionante. Depois de assistir à viagem do autor e à sua descoberta de si mesmo, não pude deixar as emoções de lado e vivi-as com ele.


Há que ler um bocadinho de tudo, não é? E posso-vos confirmar que Paulo Coelho não serve só para donas de casa desesperadas, mas sim também para quem acha que ama - ou seja, toda a gente.


Personagens favoritas: Mikhail, Esther, Dos.


Nota: 8/10 - Muito Bom

Sara

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Mar de Ferro - Crítica

Título: O Mar de Ferro
Autor: George R. R. Martin
Tradutor: Jorge Candeias
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 320
Sinopse: [CONTÉM SPOILERS] Quando Euron Greyjoy consegue ser escolhido como rei das Ilhas de Ferro não são só as ilhas que tremem. O Olho de Corvo tem o objectivo declarado de conquistar Westeros. E o seu povo parece acreditar nele. Mas será ele capaz? Em Porto Real, Cersei enreda-se cada vez mais nas teias da corte. Desprovida do apoio da família, e rodeada por um conselho que ela própria considera incapaz, é ainda confrontada com a presença ameaçadora de uma nova corrente militante da Fé. Como se desenvencilhará de um tal enredo? A guerra está prestes a terminar mas as terras fluviais continuam assoladas por bandos de salteadores. Apesar da morte do Jovem Lobo, Correrrio ainda resiste ao poderio dos Lannister, e Jaime parte para conquistar o baluarte dos Tully. O mesmo Jaime que jurara solenemente a Catelyn Stark não voltar a pegar em armas contra os Tully ou os Stark. Mas todos sabem que o Regicida é um homem sem honra. Ou não será bem assim?

Um pouco desapontada com a primeira parte deste volume, peguei n'O Mar de Ferro sem expectativas demasiado altas. Os primeiros capítulos, apesar de suaves, começaram imediatamente a agradar-me. E isto foi continuando, até ao fim do livro. Prova do quão adorei este livro foi a velocidade com que o li. Com capítulos enormes, antes de me deitar não conseguia fechar o livro enquanto não acabava um. E, finalmente, aqueles suspiros de admiração voltaram! Cheguei mesmo a ficar de boca aberta perante alguns capítulos.

Sabem a tal personagem de que eu falei? Acho que está a recuperar. Pelos vistos não está assim tão bonzinho como eu julgava. Fiquei bastante surpresa com a sua atitude perante o encarceramento da irmã gémea. E tenho que adiantar que preferia que tivesse sido a Pequena Rainha a ficar com as culpas todas e a ser julgada. Gostava mais da outra Rainha, apesar de malévola e bastante fria. Acho que, no fundo, ela apenas quer ser uma boa mãe.

Os Homens de Ferro apanharam-me de surpresa. Quando a guerra parece estar quase no fim, chegam eles para dar uma reviravolta ao Sul. Há que acrescentar que este livro é todo passado no Sul. Ao que parece, Martin estava a escrever um livro que estava a ficar demasiado grande. Por isso, pegou em algumas personagens e decidiu que este volume seria só acerca delas. Parece que, no próximo volume, que espero tão ansiosamente, vou poder matar saudades das outras!

Envolvida por toda esta história, chego a considerar a saga das Crónicas de Gelo e Fogo a minha favorita. Que venham mais livros!

Personagens favoritas:
Jaime, Cersei, Coração de Pedra.

Nota:
10/10 - Perfeito

Sara

segunda-feira, 14 de março de 2011

O Festim dos Corvos - Crítica

Nome: O Festim dos Corvos
Autor: George R. R. Martin
Editora: Saída de Emergência
Tradução: Jorge Candeias
Páginas: 423
Sinopse: [CONTÉM SPOILERS] Continuando a saga mais ambiciosa e imaginativa desde O Senhor dos Anéis, As Crónicas de Gelo e Fogo prosseguem após o violento triunfo dos traidores.
Enquanto os senhores do Norte lutam incessantemente uns contra os outros e os Homens de Ferro estão prestes a emergir como uma força implacável, a rainha regente Cersei tenta manter intacta a força dos leões em Porto Real.
Os jovens lobos, sedentos por vingança, estão dispersos pela terra, cada um envolvido no perigoso jogo dos tronos. Arya abandonou Westeros rumo a Bravos, Bran desapareceu na vastidão enigmática para além da Muralha, Sansa está nas mãos do ambicioso e maquiavélico Mindinho, Jon Snow foi proclamado comandante da Muralha mas tem que enfrentar a vontade férrea do rei Stannis e, no meio de toda a intriga, começam a surgir histórias do outro lado do mar sobre dragões vivos e fogo...
Numa terra onde muitos se proclamaram como reis e rainhas, todos estão convidados para O Festim dos Corvos. Venha descobrir quem serão os sobreviventes!
Fiz uma pausa demasiado prolongada entre A Glória dos Traidores e O Festim dos Corvos. No entanto, queria só deixar este sétimo e o oitavo volume para 2011, sempre na esperança que George R. R. Martin viesse a publicar o outro, de maneira a não ter que esperar muito. E a verdade é que ele vai publicá-lo este ano, o que me deixou bastante contente. Mas a pausa prolongada não me fez lá muito bem. Habituada a casamentos sangrentos e já com alguns pormenores do livro esquecidos, esta leitura de O Festim dos Corvos não me soube tão bem como as outras. Para além disso, senti saudades de imensas personagens que neste livro desaparecem por completo.

Sinto que Martin nos deu muito n'O Tormento de Espadas e n'A Glória dos Traidores e que, neste, manda-nos uma espécie de balde de água fria em cima. É óbvio que a guerra está longe de chegar ao fim, mas sinto que os capítulos passivos que houveram - por mais necessários que fossem - não encaixavam naquilo a que eu já estava habituada. Tenho saudades daquele último suspiro que dava no fim de cada capítulo, pois as coisas davam sempre a volta. Ainda houve alguns neste livro que também terminaram assim, mas devo confessar que foram poucos.

Houve uma personagem que me deixou deveras enervada. Óbvio que não vou dizer o seu nome, mas sinto que desde que se tornou "bonzinho", que perdeu todo o seu encanto. Deixou de dar atenção à mulher que desejava, passou a fazer troça dela; em vez de a ajudar a manter o trono, anda por lá apenas a marcar presença. Para a força que esta personagem já teve, é óbvio que me tenha enervado um pouco esta reviravolta.

Uma coisa que gostei bastante neste livro foram as personagens novas que apareceram a narrar os capítulos. Estamos habituados a estar em Westeros e agora vamos cada vez mais longe neste mundo imenso. Apesar da pausa prolongada, não considero o livro fraco. É impossível considerar algo de Martin fraco. E é por isso que lhe vou dar um oito, esperando que o próximo me deixe mais bem aviada.

Personagens favoritas: Podrick, Alayne, Arianne, O Afogado.

Nota: 8/10 - Muito Bom

Sara

sábado, 5 de março de 2011

BANG! 9 Aqui vai mais uma opinião!


Esta é uma revista que dá vontade de ler. Pegar nela e ler durante uma aula aborrecida ou simplesmente lê-la enquanto se viaja num transporte público; dá gosto e nenhuma vontade de a fechar. Acho, no entanto, que em termos de contos, esta está mais pobre que a BANG! 8, o que compensa em termos de artigos. Com um grafismo espectacular como sempre, nesta BANG! dei por mim a sublinhar expressões que combinavam comigo, coisa que não costumo fazer. Cada vez identifico-me mais com aquilo que publicam.

Ilustrador da capa: acho esta coluna da revista deveras importante porque pouca importância se costuma dar a quem cria capas de revistas e coisas desse género. Mais uma vez, adorei os trabalhos que aqui foram apresentados, que demonstram que Tiago da Silva tem um grande talento e que, felizmente, é reconhecido.

Colecção BANG!: é natural que aqui tentem fazer a melhor publicidade aos livros que publicam; no entanto, acho que exageram em algumas coisas. Por exemplo, no livro Nação, dizem que é o autor que vende mais que Harry Potter. Acho que deviam reconsiderar este tipo de publicidade, especialmente para os fãs do mundo que J. K. Rowling criou. Não digo que o Harry Potter seja melhor ou pior, mas lembrem-se que haverá pessoas que não irão gostar deste tipo de publicidade. Fiquei também surpreendida com o facto de a séria da Casa da Noite já ir com tantos volumes publicados. E fiquei com vontade de ler, obviamente, Kushiel, que já há algum tempo que me anda a chamar a atenção.

Os Mundos Imaginários do Fantástico Português por António de Macedo: já esperava a continuação deste artigo desde a BANG! 8 e gostei da maneira como este terminou, especialmente pela pequena referência que o Lydo e Opinado recebeu nas notas do historiador.

O ano dos fantasmas e dos demónios por Safaa Dib: fiquei com imensa vontade de ver os filmes referidos neste artigo, não posso mentir. Mas acho que o artigo poderia estar um pouco mais extenso.

A invasão de Anderson Santos: gostei, especialmente, deste conto mesmo pelo facto de eu mesma sempre ter dito que as Hello Kittys iriam invadir o nosso planeta. Neste conto consegui aperceber-me que nem toda a gente adora aquelas figuras de gatas irritante, o que me deu prazer. Dei-lhe um 8 em 10.

Os Crisântemos Africanos de Jorge Palinhos: adorei a escrita deste autor, especialmente quando ele está a falar de uma coisa e volta ao passado para explicar outra. Parece que está a conversar connosco e, no entanto, não deixa de ser um tipo de escrita belo. Gostei também do tema que retratou. Dei-lhe um 9 em 10.

O artigo de George R. R. Martin: escusado será dizer que me fartei de rir ao longo deste artigo, especialmente na parte das tartarugas porque eu mesma sou uma amante de tartarugas. Tenho uma e, segundo a linha de raciocínio de Martin, a minha já seria uma Rainha há quinze anos e seria daquelas mesmo muito adoradas pelos seus súbditos.

Memorial de Elizabeth Bear: foi um conto fora do comum, o que captou a minha atenção. Mas sinto que lhe falta alguns elementos e que podia estar muito melhor explorado. Dei-lhe um 7,5 em 10.

Vida noutros planetas por Stephen Hunt, com tradução de Safaa Dib: achei o artigo interessante, mas foi daqueles que entra na cabeça e, passado umas horas, já não está lá dentro. Não me marcou por aí além.

Os negros anos-luz de Terry James por Pedro Piedade Martins: adorei ver as capas, mas senti o texto maçudo e cheio de referências.

Espelho Negro por R. A. Salvatore: este elfo negro já me tinha captado a atenção, mas não é uma personagem que vá por aí além. Sinto-o um pouco cliché e até parecido a uma personagem minha – o que é engraçado. Se calhar é isso que afasta dele. E continuo a preferir o Legolas, desculpem lá.

Os livros das minhas vidas por David Soares: esta coluna ficou muito melhor explorada neste número. Para além do texto ser muito mais cativante que o da BANG! 8, não está cheio de referências que só nos dá vontade de passar à frente, o que também ajudou bastante.

Desenhar o Irrepresentável por João Lameiras: claro que fiquei com vontade de conhecer Lovecraft, não é? Despertou-me bastante a atenção, especialmente as capas que eram espectaculares.

A arquitectura do futuro e o futuro da arquitectura por Pedro Gadanho: este foi um daqueles artigos que me passou completamente ao lado, se calhar mesmo pelo facto de não ligar muito a FC e a Arquitectura. Logo, abordou dois temas que não fazem parte do meu interesse, o que não quer dizer que o artigo não é bom.

Távola Redonda por Safaa Dib: acho que esta é uma das colunas mais bem conseguidas de toda a revista. Aborda sempre assuntos interessantes e explora-os da melhor maneira. Desta vez deparámo-nos com tradutores, o que me fez pensar bastante nas minhas opções para a Faculdade.

A página das críticas: está muito melhor que a da BANG! 8, sem dúvida. Aqui já não encontramos resumos de livros, mas sim críticas a sério, que nos deixam com vontade de pegar nos livros que foram falados e lê-los.

Agora, não se esqueçam de ir a correr para a FNAC mais perto de vocês para poderem obter um exemplar desta revista espectacular! Ah, e também não se esqueçam de concorrer no passatempo para poderem ganhar um livro de R. A. Salvatore, com o seu elfo negro. O passatempo decorre no facebook, aqui .

Sara

sexta-feira, 4 de março de 2011

«Batalha» - novo romance de David Soares


David Soares - autor de, entre outros, «O Evangelho do Enforcado» e «A Conspiração dos Antepassados» - anunciou hoje no seu blog Cadernos de Daath o título do seu novo romance, a ser lançado ainda neste primeiro semestre do ano.

Como prometido, ficou a revelação de que o meu novo romance, a editar neste semestre, se intitula Batalha (Saída de Emergência) e consiste numa história sobre religião e linguagem... observadas pelo ponto de vista dos animais. Mas não esperem uma fábula comum: o livro é bem negro!

Não podia deixar de destacar esta novidade, que para mim muito me entusiasma. De Soares, ainda só li «O Evangelho do Enforcado», mas foi o suficiente para me aperceber que estou perante um fabricante português de fantasia do mais alto nível. O livro levou-me longe em termos de imaginário, e foi de uma experiência de leitura muito forte. Daí que, naturalmente, aguarde com expectativa este novo «Batalha».

Tiago

quinta-feira, 3 de março de 2011

Os dragões vão dançar!


É a novidade do dia! George R. R. Martin anunciou no seu blog que o livro «A Dance with Dragons», 5º volume das Crónicas de Gelo e Fogo, será lançado na América e no Reino Unido em simultâneo, dia 12 de Julho deste ano! Acrescenta ainda que desta vez não há mesmo espaço para dúvidas, e que o lançamento se vai realizar mesmo. Diz ainda não ter acabado a redacção da obra, mas que está tão próximo de o fazer que a editora decidiu avançar já com a data.

Depois de 7 anos de espera (os portugueses tiveram menos tempo - só 2 anos), finalmente os leitores vão poder mergulhar novamente em Westeros, o cenário da melhor saga de fantasia de todos os tempos - isto na minha opinião. Que os dragões dancem!

Tiago

quarta-feira, 2 de março de 2011

Lida a BANG! 9...


Provavelmente, ainda melhor que a 8. Se a revista saída no final de Outubro surpreendera positivamente pelo excelente conteúdo, o número lançado a semana passada não lhe ficou nada atrás. Talvez, de uma forma geral, os contos tenham ficado um bocadinho atrás; mas os artigos que constituíram o conteúdo de não-ficção da revista estavam excelentes. Tal como fiz com a análise da edição passada, passo a fazer uma observação ponto por ponto da BANG! 9:
  • A página «Ilustrador da Capa» dá-nos a conhecer Tiago da Silva, que parece ter um trabalho muito consistente ao nível do desenho digital. A imagem presente na capa está muito boa, mas eu destaco também o trabalho Climate Changes, com os icebergs. De fazer arrepios.
  • Em relação aos destaques dados na página «Colecção BANG!», três observações pessoais: o elfo negro Drizzt começa a chamar um bocadinho mais a minha atenção do que há três meses (mas já falo disto mais à frente); A Corte do Ar é definitivamente um livro a adquirir; e... porque é que ainda não comecei a comprar e a ler os livros da Kushiel? Alguém me dá o empurrão final de que preciso para me lançar nesse mundo?
  • Se já tinha gostado da 1ª parte de «Os Mundos Imaginários do Fantástico Português», ensaio de António Macedo sobre a história da fantasia em Portugal, ainda mais gostei desta segunda parte. O século XX é de facto muito rico neste género, e à medida que nos aproximamos do começo do século XXI, o cenário da Fantasia muda por completo no nosso país. A referência a autores já meus conhecidos, a blogs literários que sigo (o Lydo...), e a cenários que conheço bem e que são hoje o presente no nosso mercado editorial, ajudaram muito a esta minha valorização da segunda parte do ensaio. Fechou com chave de ouro este interessantíssimo artigo!
  • O artigo de Safaa Dib "O ano dos fantasmas e dos demónios", sobre o horror no cinema japonês, pareceu-me ter ficado um bocadinho pela rama. O conteúdo é interessante - cativa-me a orientalidade deste lado do terror - mas o tema, talvez pelo tamanho reduzido que ocupou, acabou por ficar um bocadinho no ar, sem muito desenvolvimento. Fica, no entanto, a curiosidade de ver um dos filmes referidos
  • Primeiro dos contos desta edição: «A Invasão», de Anderson Santos. Original no seu objectivo, com a referência irresistível à figura de marketing que todos certamente irão reconhecer. No entanto, em termos de desenvolvimento do conteúdo, não me agarrou totalmente, tendo achado a forma usada um bocadinho habitual, e não inovando muito no lado livre da escrita. Fiquei com a sensação que o tema poderia ter sido melhor aproveitado. Mas foi de agradável leitura.
  • Segundo conto: «Os Crisântemos Africanos», de Jorge Palhinhos. Não conhecia o autor, mas fui surpreendido pelo estilo bem marcado que pareceu afirmar. Conto de leitura dolorosa, mais intenso que o anterior, com uma intensidade dramática dura e cruel. Gostei muito desta leitura, descobri no estilo algo muito próprio do autor, o que passa de forma natural para quem lê.
  • O artigo de George R. R. Martin está muito divertido. Como não podia deixar de ser (um dos meus autores favoritos), desde o primeiro momento que folheei a revista que era dos artigos que tinha mais curiosidade em ler. Toda a história das tartarugas, as piadas com que Martin enriquece o discurso, e esta convicção muito pessoal que o autor nutre pelo seu percurso profissional, tornam o artigo muito interessante. Fiquei meio estupidificado com a nota final: "Introdução a ser publicada na Retrospectiva da obra de George R. R. Martin a ser publicada em 2011"? Estamos a falar de uma edição portuguesa? Retrospectiva da obra de um autor ainda vivo e ainda a produzir parece-me demasiado ambicioso, talvez. Não me soa totalmente bem o que poderá sair daqui...
  • O conto «Memorial», de Elizabeth Bear, constituiu para mim uma desilusão. Parto para a leitura com a pré-informação de que é o vencedor do prémio Hugo 2008 para melhor conto, e está o caldo entornado. As expectativas sobem disparadas, e depois desiludo-me, claro. Achei o conto interessante, com uma beleza natural, mas um pouco vago e disperso nas suas ideias. Ficou a faltar qualquer coisa ali no meio, nem tudo batia certo em termos de consistência na minha cabeça. Não me cativou por aí além. Talvez, quem sabe, com uma segunda leitura...
  • O artigo de Stephen Hunt é agradável de ler, mas fiquei com a sensação de que pouco foi dito. Não me ficou particularmente marcado. Por isso não sei mais que dizer sobre ele!...
  • Em seguida, um dos artigos que mais me chamou a atenção em toda a revista: Pedro Piedade Marques disserta, numa linguagem apelativa e bem colocada, sobre uma colecção de capas de ficção científica que houve em finais dos anos 60 e princípios dos 70. A colecção é, de facto, magnífica, e tem muita análise que se lhe diga. Adorei passar a conhecer o tipo de razões socio-culturais que estão por trás do design das capas dos livros. O artigo teve ainda a capacidade de me pôr uma vontade imensa de ler um livro de ficção-científica, como nunca sentira até hoje. Incrível...
  • O conto «Espelho Negro», do Salvatore. Um conto do imaginário do Drizzt, elfo negro, personagem de uma série com a qual embirrei quando a conheci na BANG passada. A verdade é que a leitura do conto me ajudou a melhorar a imagem que tinha do livro. A fantasia épica descrita é daquele tipo agradável e cativante, que apetece vivenciar na pele os ambientes e descrições - embora tenha sentido uma relação de ódio com o protagonista, personagem que não me convence em nenhum sentido. O conto foi, no entanto, muito agradável de ser lido.
  • Do artigo «Os livros das minhas vidas» de David Soares, destaco o primeiro de que o autor fala: Pato Donald. Interessante, porque a história com que Soares diz ter aprendido a ler, também eu a li durante os meus tempos da escola primária, num dos inúmeros livros de BD que me passaram pelas mãos.
  • Sobre o artigo de Lovecraft, e das bandas desenhadas inspiradas na sua obra, achei-o excessivamente descritivo em termos de nomes de livros e seus autores, quando podia ter sido mais apostado no género de histórias e desenhos aplicados ao imaginário. Se não fossem as ilustrações que vão decorando as páginas, não ficaríamos com uma ideia de que género de BD estávamos a falar.
  • O artigo sobre a relação da arquitectura com a ficção científica foi muito interessante, também, embora não tanto como esperava inicialmente. De facto, comprova-se uma interligação entre estes dois temas, que tanto me fascinaram ao longo das explicações. A ficção científica parece estar a chamar-me, e acho que não vou resistir muito tempo até começar a ler o género.
  • Quanto à «Távola Redonda» desta edição, centra-se no trabalho dos tradutores. Gostei imenso do artigo, mostra-nos a prespectiva de uma profissão que apenas há pouco tempo começou a ser valorizada pelos leitores (e nem todos o fazem). Curiosas, algumas das conclusões a que se chegam. Esta secção da revista promete sempre boas análises, porque o conceito está muito bem construído.
  • Gostei mais da secção de críticas literárias desta revista. As opiniões são opiniões, ao invés do que me pareceram na última revista - sinopses com breve apreciação. Gostei de todos os livros abordados, e da forma como foram elaboradas as críticas, principalmente o «Bitter Seeds» da crítica de João Barreiros. Este livro não me pode escapar. A crítica a «Sonho Febril», escrita por Inês Botelho, também está certeira.
  • Em relação às 3 colunas de críticas de blogs literários, que foram aparecendo de quando em quando nas páginas da revista, estão muito bem. Este sim, é um bom sistema em termos de opiniões. Dar espaço à opinião existente na blogosfera é um tiro bem dado, porque, como dizia António Macedo no seu ensaio, os blogs representam hoje em dia uma fonte de crítica literária de extrema importância. Aqui estão as opiniões sinceras de leitores sem especialização ou estudos profundos na história da literatura. O que é muito importante para qualquer leitor comum.

Quem ainda não tem a Bang 9? Faça o favor de ir a correr até uma FNAC para ir buscar um exemplar, que se calhar não há-de tardar muito até que desapareçam das bancas. É grátis, e é um muito bom apêndice literário para os amantes da literatura fantástica. Fico anciosamente à espera da próxima. Para Maio (ou Junho?). Até lá... BANG!

Tiago

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